Tenho uma veia campónia e nem imaginam o quanto gosto dela e o quanto ela me faz bem. Cresci numa quinta, rodeada de campos, vinhas, vacas, cavalos, porcos, galinhas, patos, coelhos, ovelhas, cães e gatos. Tirar leite às vacas, andar de trator, andar a cavalo, correr pelos campos com umas galochas quase maiores que eu, alimentar os vários animais, assistir ao nascimento de vitelos e de pintainhos, participar na apanha das batatas e participar nas vindimas são tudo um conjunto de memórias que tenho bem presentes e que nunca vou esquecer. De entre todas estas vivências, as vindimas são as que deixam mais saudades e das quais tenho as melhores memórias.
A vindima sempre foi motivo de convívio entre família, amigos e vizinhos. Lembro-me de não poder vindimar por não ter altura suficiente para cortar os cachos das uvas, mas arranjava sempre alguma forma de participar e de ajudar.
Nessa altura, eu estava encarregue de ajudar a minha avó a preparar a merenda. Pataniscas não podiam faltar e, como eu era ajudante, tinha a vantagem de ser sempre a primeira a provar :) Depois também havia broa, pão, fiambre, queijo, chouriço e, com certeza outras coisas, que agora não me recordo. A minha tarefa não se ficava por aqui. Outro dos meus compromissos era servir de beber a quem andava a vindimar. Preparava uma cesta, onde não podia faltar vinho tinto da casa e as respetivas tigelas, cerveja, água, um preparado de água com café e açúcar (será que ainda há alguém que beba isso?) e copos. Pegava na cesta e lá ia eu, com máxima concentração para não deixar cair nada, toda contente pelas fileiras da vinha. Sr. Manel quer uma tigela de vinho? Dona Rosa aceita um copo de água? E se fosse alguém que eu não conhecesse bem, a pergunta era "O que é que o Sr. bebe? Há vinho, cerveja e água". Passava assim as manhãs e as tardes e era tão bom. Ficava toda entusiasmada quando enchiam as dornas e o meu avô tinha então de se dirigir para a Adega. Era sinal que já faltava pouco tempo para saber se as uvas tinham ou não dado o grau. Era um momento de suspense ... Afinal o meu avô trabalhava para aquilo o ano todo e era sempre com contentamento e alívio que ele nos dizia sorridente e orgulhoso: "Está a ser um bom ano. As uvas deram o grau". Provavelmente houveram anos menos bons, mas eu só recordo os que foram realmente bons.
A infância foi passando, eu fui crescendo e finalmente atingi uma altura razoável para alcançar os cachos de uvas. Se continuei a gostar das vindimas? Claro que sim. Para ser sincera, não é bem do ato de ter as tesouras na mão e cortar os cachos das uvas que eu gosto. Mas, gosto de tudo o que a vindima envolve: o convívio, as gargalhadas, o relembrar momentos de vindimas anteriores, a competição para ver quem enche mais depressa o balde com uvas ou a competição entre fileiras e ver qual a fila que acaba mais depressa.
Agora que penso ... Já passaram 5 anos desde a última vez que vindimei e que saudades que eu tenho.
E vocês já alguma vez vindimaram?
Se for o caso, boas vindimas :)
A vindima sempre foi motivo de convívio entre família, amigos e vizinhos. Lembro-me de não poder vindimar por não ter altura suficiente para cortar os cachos das uvas, mas arranjava sempre alguma forma de participar e de ajudar.
Nessa altura, eu estava encarregue de ajudar a minha avó a preparar a merenda. Pataniscas não podiam faltar e, como eu era ajudante, tinha a vantagem de ser sempre a primeira a provar :) Depois também havia broa, pão, fiambre, queijo, chouriço e, com certeza outras coisas, que agora não me recordo. A minha tarefa não se ficava por aqui. Outro dos meus compromissos era servir de beber a quem andava a vindimar. Preparava uma cesta, onde não podia faltar vinho tinto da casa e as respetivas tigelas, cerveja, água, um preparado de água com café e açúcar (será que ainda há alguém que beba isso?) e copos. Pegava na cesta e lá ia eu, com máxima concentração para não deixar cair nada, toda contente pelas fileiras da vinha. Sr. Manel quer uma tigela de vinho? Dona Rosa aceita um copo de água? E se fosse alguém que eu não conhecesse bem, a pergunta era "O que é que o Sr. bebe? Há vinho, cerveja e água". Passava assim as manhãs e as tardes e era tão bom. Ficava toda entusiasmada quando enchiam as dornas e o meu avô tinha então de se dirigir para a Adega. Era sinal que já faltava pouco tempo para saber se as uvas tinham ou não dado o grau. Era um momento de suspense ... Afinal o meu avô trabalhava para aquilo o ano todo e era sempre com contentamento e alívio que ele nos dizia sorridente e orgulhoso: "Está a ser um bom ano. As uvas deram o grau". Provavelmente houveram anos menos bons, mas eu só recordo os que foram realmente bons.
A infância foi passando, eu fui crescendo e finalmente atingi uma altura razoável para alcançar os cachos de uvas. Se continuei a gostar das vindimas? Claro que sim. Para ser sincera, não é bem do ato de ter as tesouras na mão e cortar os cachos das uvas que eu gosto. Mas, gosto de tudo o que a vindima envolve: o convívio, as gargalhadas, o relembrar momentos de vindimas anteriores, a competição para ver quem enche mais depressa o balde com uvas ou a competição entre fileiras e ver qual a fila que acaba mais depressa.
Agora que penso ... Já passaram 5 anos desde a última vez que vindimei e que saudades que eu tenho.
E vocês já alguma vez vindimaram?
Se for o caso, boas vindimas :)
E já sabem, façam-no com gosto, que o vinho será ainda melhor ;)
São momentos que deixam sempere saudade e que queremos sempre repetir! =)
ResponderEliminarBeijinhos
Sem dúvida. E estas memórias são maravilhosas :)
EliminarBeijinho
Já, mas não correu assim tão bem! lol
ResponderEliminarÉ tão bom fugir da cidade e voltar ao campo, não é?
É maravilhoso. Adoro aquela tranquilidade e bem estar que o campo me transmite.
EliminarBeijinho
Eu nunca vindimei, mas enquanto era pequena cheguei a andar ao pé de quem vindimava!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Se um dia vindimar partilhe a sua experiência ;)
EliminarBeijinho e boa semana
Que bom! Eu cresci numa aldeia rural, mas adoraria ter crescido numa quinta! A minha também tinha alguns animais domésticos, mas não tantos como referiste.
ResponderEliminarQue saudades!!
É tão bom relembrar a infância, a forma como crescemos e com quem aprendemos. Que estas boas recordações façam sempre parte do nosso presente ;)
EliminarSim, ainda há quem goste de refresco de café... muito pouco açúcar (quase nada) e bem bem fresco!
ResponderEliminarVindimas, que saudades...
Pois, estou a ver que ainda há muita gente a gostar desta bebida. Talvez a diferença seja que agora se põe pouco açúcar, o que não era o caso na altura ;)
EliminarSaudades das vindimas, um dia que começa tão cedo e acaba tarde. Saudades daquele próprio da vindima, muita uva :)
ResponderEliminarÉ verdade que começa cedo e acaba tarde, mas estando em boa companhia nem damos pelas horas a passar!
EliminarBeijinho
Fia, você narrou aqui momentos que me fizeram viajar, embora, digo que nunca vindimei, mas parece que já o fiz! Sempre fiquei a imaginar como seriam os dias, os instantes, em uma vindima e aqui eu constatei, o que te agradeço, pela alegria que me proporcionou.
ResponderEliminarMuito obrigado, minha querida!