24 novembro, 2016

O Cantinho da Fia convidou Niko Afonso: parte 1

É com muito prazer que hoje inicio a rubrica A Fia convida. Uma rubrica na qual pretendo sempre convidar pessoas inspiradoras e que podem também, de uma forma direta ou indireta servir de inspiração para quem segue e lê este Cantinho ;)

Todos nós estamos rodeados de pessoas inspiradoras. Não falo das grandes celebridades que vemos na televisão e com as quais não temos qualquer contacto. Falo sim de pessoas cuja história nos é familiar, com quem convivemos diariamente e sabemos o valor que elas têm, histórias de pessoas que vimos crescer e lutar até alcançarem um determinado objetivo. É neste contexto que o meu Cantinho recebe esta semana uma pessoa que eu muito admiro. Um amigo de escola que se tornou num profissional exemplar. Afinal, os nossos amigos são uma verdadeira fonte de inspiração! Apresento-vos sem mais demoras o Niko Afonso, professor e personal trainer no Ginásio Escola de Dança "Dinamikorpus".


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Olá Sofia e olá Cantinho, em primeiro lugar quero dar-te os parabéns pelo teu projeto que acompanho atentamente desde a sua existência, tem-nos presenteado com ideias, sugestões, informações bastante úteis e desde já te desejo o maior sucesso e sorte do mundo. Não posso deixar como é óbvio de agradecer as tuas palavras de amizade que me enchem ainda mais de energia para desenvolver o meu trabalho diariamente e ainda dizer-te um enorme Obrigado cheio de orgulho e honra pelo facto de me teres convidado a dar a ti e aos teus seguidores um pouco do meu dia-a-dia e da minha ainda “tenrinha” história de vida.  

Sem perder mais tempo, passo ao que nos traz a esta conversa e começo por responder as tuas questões.  

1) Quando começou a tua paixão pelo desporto?

Como sabes nasci na Suíça e apenas aos 6 anos de idade vim morar para Portugal e o desporto esteve sempre presente na minha vida e permite-me a ousadia mas sempre senti uma excelente aptidão para a prática de qualquer tipo de desporto, quer coletivo, quer individual, talvez pelo prazer que isso sempre me deu e pela entrega que sempre dei, daí eu sentir-me na liberdade para afirmar que nasci com jeito para o desporto. Comecei por falar na minha terra natal porque me parece pertinente tocar neste assunto, isto porque deparei-me com uma realidade diferente quando cá cheguei (Portugal). Naquela altura, na Suíça havia uma paixão e procura enorme pelos desportos radicais, talvez pela oferta natural ou pela diversidade cultural lá existente, como sabes a neve é abundante e o ski e o snowboard são uns dos desportos reis, assim como a patinagem e o skate o que obviamente se tornou num pequeno choque para mim quando cá cheguei, porque o futebol era o desporto rei. Recordo-me com alguma nostalgia e um sorriso estampado no rosto do primeiro “recreio” na escola primária, onde, obviamente havia uma bola de futebol e quatro pedras a servirem de balizas (ahahahah), foi quando um dos meus colegas de escola me perguntou qual era a minha equipa de futebol, eu embasbacado não soube o que responder, ele falou-me das três principais equipas nacionais e poucos dias depois a escolha estava feita, eu era do Sporting, desde esse dia o futebol passou obviamente a ser uma das minhas paixões.




Já com uns anos em cima e a frequentar o chamado ciclo conheci o atletismo, o basquetebol entre outros
desportos e apesar das supostas limitações físicas que assombram algumas dessas modalidades, como a altura, o comprimento da perna, o porte físico, isso nunca serviu de desculpa para mim, pelo contrário usei esses “fantasmas” como fatores motivacionais e como metas a derrubar, isto porque sempre fui de forma saudável claro, bastante competitivo, nunca gostei de perder nem a feijões como é típico dizer-mos por cá o que me levava sempre a lutar até à ultima pelo objetivo ou meta delineada. Paralelamente a todo este trajeto que já te dei a conhecer fui “obrigado” pela minha mãe desde muito jovem a praticar dança, na altura não com fins desportivos como o faço atualmente mas ela sempre me incutiu o interesse pelos vários tipos de dança e de facto permite-me afirmar que tive uma excelente professora e que nunca pensei que aquelas tardes de fim de semana ensolaradas em que eu só pensava na bicicleta iriam ser-me muito úteis passados estes anos todos. Tentei resumir-te ao máximo a minha historia ligada ao desporto que obviamente passou por várias experiências para além das que contei até agora, segundo a minha mãe comecei a caminhar aos oito meses e meio de idade, por isso Sofia penso que a minha paixão pelo desporto vem desde que me lembro de ser quem sou, que sempre esteve ligado a mim diariamente. Desculpa se me estendi demasiado mas as palavras são sempre poucas quando falamos de algo do qual gostamos muito e fica sempre a sensação que algo ficou por dizer, mas espero que tenhas conhecido um pouco mais de mim e desta minha paixão.

2) Sempre soubeste que a tua carreira profissional estaria de alguma forma vinculada ao desporto?
Estaria a mentir se te dissesse que sim, o que posso afirmar é que sempre soube que a minha vida estaria ligada ao desporto. Trabalho a semana toda e quando me refiro a trabalho falo em desporto, porque de facto faço do desporto vida, quer em treinos particulares, os chamados PT’s ou em aulas de grupo, no treino de equipas de desportos coletivos e até como coreografo para surpresas de casamentos ou de outros eventos e quando refiro esta parte não posso deixar de relembrar se me permites e dar a conhecer aos leitores que participei na tua despedida de solteira, sim é verdade, se era segredo deixou de o ser, as tuas amigas decidiram fazer-te uma surpresa e falaram comigo para que pudesse ensinar-lhes uma coreografia e dar uma aula de salsa ao grupo, o que foi bastante divertido




Mas sem querer fugir a tua questão e como já referi nunca foi uma certeza tornar-me num professor de Educação de Física nem tão pouco num instrutor de fitness, porém recordo-me de ter um professor, na altura jovem, com uma excelente forma física e bastante motivador que despertou em mim um interesse por esta profissão, um primeiro clique. Poucos anos depois recordo-me de assistir a uma aula de step e ficar completamente encantado com aquilo que o professor fazia em cima daquela "caixa", mais um clique, porque não ser instrutor de fitness. Obviamente que isto deve acontecer com todos nós, os vários cliques durante a nossa juventude que nos vão indicando qual o caminho a seguir, apesar de que também acredito que nem todos nós sigamos esses cliques e que por vezes tenhamos de tomar outros rumos por vários e diferentes motivos. O fim do ensino secundário é o momento de uma escolha muito importante no futuro das nossas vidas, em que vários de nós nos colocámos a mesma questão, que curso vou tirar? Dúvidas e mais dúvidas que também me assombraram mas tive de escolher, de tomar a tal decisão importante e ai ponderei bastante porque várias ideias pairavam na minha mente e para mim a decisão não foi assim tão fácil, mas acabei por optar pelo desporto, estava oficialmente decidido eu iria ser Professor de Educação Física ou pelo menos tentar e sabes Sofia não me arrependo nem um bocado, adorei o meu curso, os meus professores, os meus colegas, as coisas que aprendi, assim como adoro poder colocá-las em prática agora. Confesso que a minha mãe foi fundamental nesta minha escolha e decisão e hei-de agradecer-lhe a vida inteira por isso, porque não foi nada fácil tomar esta decisão. Em suma e para responder à tua questão, nunca soube qual seria a minha profissão mas o meu inconsciente provavelmente sempre o soube, acho que nasci para isto porque adoro o que faço. 


3) De entre as diferentes aulas que dás, qual a que te dá mais prazer? E porquê?
Confesso ter alguma dificuldade em responder-te a essa questão porque de entre as várias experiências que tenho vivido, com todas elas aprendi bastante o que me satisfaz ainda mais. Como sabes a Educação Física é uma área que abrange vários terrenos no desporto e nestes poucos anos em que exerço esta profissão já tive a sorte de adquirir várias vivências desde os treinos personalizados (PT’s), as aulas de grupo (Zumba, Pilates, Ginástica Localizada, entre outras), ensino da disciplina de Educação Física no secundário e bem recentemente o treino físico em atletas de futebol. Daí ser um pouco difícil para mim dizer-te qual a que me dá mais prazer, porém posso fazer-te um breve apanhado de cada uma delas e garanto-te que no final tudo se irá resumir numa pequena palavra. Quando se realiza um trabalho personalizado com um cliente a exigência aumenta porque a nossa atenção é direcionada apenas nessa mesma pessoa e obviamente o grau de responsabilidade relativamente aos resultados é maior; nas aulas de grupo em geral torna-se mais complicado atingir resultados rápidos como nos PT’s, ainda assim tento primar por um trabalho com qualidade e rigor para que os resultados sejam breves. Obviamente que a responsabilidade é sempre elevada quando se trabalha com o bem estar e saúde física das pessoas e no que concerne à experiência na escola, essa foi completamente diferente daquilo ao que estou habituado mas confesso que ver os meus miúdos atingirem as metas delineadas para o ano escolar e ver que se divertiram imenso com tudo o que foi feito, encheu-me de orgulho e foi mais uma certeza de que eu escolhi a área profissional certa para a minha vida. Outra experiência que orgulhosamente tive a oportunidade de vivenciar aconteceu há pouco mais de um ano que foi a minha estreia como preparador físico de uma equipa de futebol, mais precisamente do Desportivo de Monção e como não poderia deixar de ser os bons resultados dependem não só mas também de uma adequada preparação física. Mas como te tinha dito tudo isto se iria resumir numa pequena palavra e é sem dúvida a satisfação, que serve de elo de ligação entre todas estas aulas ou treinos que monitorizo diariamente e quando esse sentimento existe aí sim surge o meu prazer no final, independentemente do que esteja a fazer basta um sorriso, um bom resultado ou uma meta atingida e o meu dia está ganho. 


4) Como profissional sentes que ainda podes evoluir ou já atingiste os teus objetivos?
Nos meus tempos de faculdade recordo-me de uma frase ser constantemente proferida por um docente importante na minha formação que nos dizia citando um autor variadíssimas vezes que “o ser humano só evolui a partir da necessidade” e como bem sabes porque também és uma cidadã do mundo, atualmente existe uma exigência muito grande em termos profissionais, obviamente cria uma necessidade de constante evolução em todos nós e claro eu não sou exceção, sinto que posso e quero evoluir sempre mais. Creio estar ainda longe de atingir meus objetivos e metas profissionais, parar é morrer. 


5) Em seguimento da questão anterior. Por onde passam os teus sonhos profissionais?
Fisicamente sei que com o passar dos anos vou perder o fulgor dos 20 anos e o número de aulas com maior intensidade física vão obrigatoriamente ter de ver o seu número reduzido na carga horária semanal e tendo consciência desse facto aí sim surgem os principais objetivos que são os de me especializar ainda mais na área dos PT’s assim como disponibilizar a maior parte do meu tempo neste tipo de trabalho mas obviamente que não gostaria de ter de abdicar do treino do futebol ou de qualquer outra modalidade desportiva coletiva. Tenho ainda alguns sonhos fora da área profissional que exerço atualmente mas isso e desculpa-me amiga mas vou ter de guarda-los só para mim, como costumam dizer o segredo é alma do negócio.

A conversa com o Niko foi muito boa e não fica por aqui. Sim é verdade ainda há mais palavras do Niko que quero muito partilhar com vocês, mas como o post já vai longo decidi dividir esta boa conversa em duas partes: uma mais pessoal para vos dar a conhecer o Niko (a que apresento hoje aqui) e outra com questões mais práticas relacionadas com desporto e a influência do mesmo na saúde e bem estar de todos nós que dar-vos-ei a conhecer amanhã ;)    



 

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